terça-feira, 29 de setembro de 2009

ZORRO e “AFOBADO”


Por Milton Carlos Teixeira Marins *



I


Vinha Zorro galopando pelos descampados longe dos vilarejos, quando diante de um entroncamento parou ao perceber que recostado no tronco de uma árvore, de cócoras, havia um homem que parecia estar dormindo. Zorro, chegou mais perto e o cumprimentou:

- Bom dia, Moço!

Levantando de supetão, assustado e tirando o sombreiro, com um sorriso amarelecido pelo tempo, o homem respondeu:

- Bom dia, cavalheiro!

- O que faz por essas paragens? Perguntou Zorro.

- Primeiro, deixa eu me apresentar. Disse o homem. – Meu nome é “AFOBADO”. Estou aqui porque um grupo de bandoleiros me assaltou e levou tudo, inclusive minha montaria e agora estou sem rumo esperando pela ajuda divina.

- Não sou Deus, mas posso ajudar. Falou Zorro. –Suba na garupa que te levo ao próximo vilarejo. Concluiu.

“ABAFADO”, assentiu e agradecendo subiu na anca do cavalo. Assim os dois homens partiram.

II


Mais à frente, Zorro, deu outra parada para se refazer da longa cavalgada. Precisava se alimentar, descansar e dar água ao cavalo. Após apearem, aproveitando o tempo de descanso, os dois homens, trocaram algumas palavras entre si, discorrendo em amenidades corriqueiras ou apenas colóquio entre duas pessoas que não pretendiam ser intimas. Assim bem antes do fim da tarde, Zorro levantou acampamento, selou o cavalo, mas antes de partir, uma idéia lhe veio a cabeça, que ele repartiu com o companheiro de cavalgada dizendo: - “AFOBADO”, se não for pedir muito, você não gostaria de conduzir a montaria? Perguntou Zorro, na intenção de ir à garupa para descansar mais um pouco.

- Sim! Claro que sim! Respondeu “AFOBADO” euforicamente. Nessa hora, pareceu a Zorro que um sorriso malévolo se desenhou prazerosamente no canto da boca de “AFOBADO”, mas logo esqueceu isso não dando importância a essa impressão.

III

Como o seu nome sugere, após ter aceitado o pedido de Zorro, o homem afobadamente colocou o pé no apoio do arreio e montou no cavalo, mas nessa hora, antes que Zorro subisse na garupa, ”AFOBADO”, esporou a barriga do animal que saiu em disparada, deixando Zorro comendo poeira. O traidor ainda olhou para trás e gritou em tom zombeteiro:

- Adeus otário! Ah, Ah, Ah...

Zorro, no mesmo lugar que estava ficou, como a pensar e matutar sobre as circunstâncias e os motivos no enlace de tamanha canalhice. Assim, sem mostrar nenhum sinal de preocupação, Zorro com a calma de um líder, tirou a cigarrilha de trás da orelha, acendeu, deu duas baforadas e quando ia, cavalo e cavaleiro, a uns cento e cinqüenta metros de distância, Zorro, levou os dedos das mãos aos lábios e assoviou bem alto. Nesse instante, entendendo o sinal de seu dono, o cavalo, estancou derrepente, jogando “ABAFADO” no ar, a três metros de altura, em uma curva ascendente, o safado caiu no chão mais a frente, desmaiado.

O cavalo voltou, Zorro subiu e seguiu tranqüilo o seu destino.


CONCLUSÃO


Querido leitor, ”AFOBADO”, se deu mal por três motivos: Em primeiro lugar, porque mostrou que não sabe trabalhar em equipe, pois tentou deixar para trás a única pessoa que o ajudara. Em segundo, porque esqueceu que ninguém passa a função para outro sem a tutela da preocupação. Terceiro e o mais importante, ”AFOBADO” era o único que não sabia que o cavalo do Zorro era ensinado.


MORAL DA HISTÓRIA


Caríssimo sambista, antes de você tomar qualquer decisão, pense direitinho, pense com bastante cuidado e acima de tudo, não seja “AFOBADO”, senão é você quem pode cair do cavalo.


* Sambista e compositor




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