terça-feira, 13 de outubro de 2009

A FORÇA DO SAMBA

Por Milton Carlos Teixeira Marins*


No livro “Pra tudo não se acabar na quarta-feira”, do professor Júlio César Farias”, no seu prefácio nos é contado que o samba de enredo surgiu a partir do samba de terreiro e do partido alto. O samba de terreiro era o samba que não tinha nenhum compromisso com o tema, nem com o desfile da escola, já o partido alto era um samba mais especializado, feito por quem tinha a arte da improvisação, ou seja que se manifestava pelos desafios.

O samba de enredo passou por vários estágios. Foi chamado “samba de desfile” e “samba de influência”, mas quem deu o passo inicial e definitivo para sua marcação foi, Alcebíades Barcelos (o Bide), com a criação do surdo.

O samba de enredo começou em 1952 com a criação da Associação das Escolas de Samba e quem traçou o perfil desse samba foi, Silas de Oliveira que fazia sambas chamados de “lençóis” (samba com 80 ou 90 versos). Silas de Oliveira tinha uma musicalidade imensa, por que, ouvia muita ópera.

Na década de 70 com o interesse das gravadoras, as escolas de samba aceleraram a bateria e encurtaram o samba, isso para uma melhor memorização do povo. Quem criou o refrão para marcar o tempo do samba foi Martinho da Vila.

O professor Hiran Araújo arremata, no estudo dos quesitos, dizendo que, “o samba é tão importante quanto o visual da escola... o samba enredo é a trilha sonora do enredo, a ilustração poética-melódica do tema que a escola desenvolve durante o desfile. O samba enredo deve possuir a necessária harmonia musical que propicia o canto e a dança (evolução) sem esforço dos componentes...”

E conclui: “ o samba enredo só completa seu ciclo evolutivo na avenida. Ele pode ser bom na quadra e no CD, mas não acontecer na avenida”.

Por isso na hora de escolher seus sambas-enredos, as agremiações não podem perder de vista os critérios básicos que julgam o melhor samba, que são:

- letra em adequação ao enredo;
- qualidade poética e sua adaptação a melodia;
- riqueza dos desenhos melódicos;
- e harmonia musical que facilita canto e a dança dos componentes.


Eu, pelo meu lado compositor, afirmo: o compositor não precisa fazer força, só precisa fazer o samba e depois de pronto, aí sim, o samba mostra a sua força.

* Sambista e compositor


“O samba agoniza mas não morre
Alguém sempre lhe socorre, antes do suspiro derradeiro
O samba negro forte destemido
Tantas vezes perseguido, na esquina, no botequim e no terreiro
O samba sempre humilde pé no chão
A fidalguia do salão te abraçou, te envolveu
Mudaram toda sua estrutura
Te impuseram outra cultura e você não percebeu”. (Nelson Sargento)

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Discurso da Mudança

Por Carlos Ernesto Lopes*

“Mudança”, no seu significado principal quer dizer: Tirar uma coisa do lugar e colocar outra. Muito embora a mutação faça parte da ordem natural das coisas, na questão de ordem ou desordem, tudo depende de seus condutores na condução dessa “mudança”.

A primeira vista não vejo problema nenhum em mudar, considerando que, o mundo em sua evolução, precisou se transformar. Nós mesmos sofremos mudanças internas e externas. Passamos de criança para adolescente e por fim a adultos, deixando de ser quadrúpedes para ser bípede e por fim pensadores.

Muda-se o mundo e os homens também. Trocam-se os homens, mas a causa jamais. Os condutores podem trocar a oratória, mas a causa não pode perder o discurso. Costumo dizer que o discurso do político enquanto candidato é a retórica, depois de eleito, são as obras; o discurso do vendedor ambulante é a pamonha, o abacaxi e a uva; o discurso do sambista é sambar e dizer no pé

Já dizia um grande professor (eu disse professor), que: - “A única escola que deu certo foi à escola de samba, porque é uma escola que não é fechada, entre quatros paredes, não tem muro, nem portão, pois é uma escola acessível e aberta a todos.

A todos que querem participar e não desmerecer o trabalho de centenas de famílias pertencentes aos vários bairros adjacentes ou oriundos das dezesseis escolas de samba e mais de quarenta e seis blocos de arrastão, que cumprem a cada carnaval a função de congregar e o objetivo de promover dentro do calendário brasileiro, a maior festa popular cultural do mundo, participando dos festejos e fortalecendo a cultura da cidade de Cabo Frio”.

Não podemos ficar a mercê do despeito do preconceituoso, que não tem a inteligência de manter uma aposição de tolerância com aquilo que ele desconhece na sua essência. Nem podemos permitir que por imediatismo ou falta de assunto, alguém analise o nosso trabalho em um periódico qualquer no intuito simplesmente de preencher colunas com lacunas, ou seja, assunto vazio. Afinal, quem larga o patamar de formador de opinião para ser deformador de informação, não sabe que a banalidade só veste a roupa da importância, para o idiota que costura a tolice. Já dizia o grande pensador: - “O homem é um ser que evoluiu e se criou ao criar uma linguagem”. E a nossa linguagem é o CARNAVAL, que fala, pronuncia, manifesta e se faz ouvir através da voz do povo.

Por isso, na realidade a “mudança” não incomoda. O que preocupa é que essa mesma mudança vem se transformando no palco do “egocêntrico” e o “ególatra”, que como o “FANTASMA DA ÒPERA” entoa seu canto (ou será desencanto), de face deformada.

Enquanto isso o disse me disse, toma conta do palanque da “mudança” e de boca em boca, o som e a força das palavras torpes, cumpre a sua errônea missão com a sua exima arte de confundir.

No entanto, sem dar carona aos covardes e alheia aos seus alardes, a carruagem do Carnaval segue.
* Superintendente da Morada do Samba
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quinta-feira, 1 de outubro de 2009

O Fórum, o laico e o canto


Por Rafael Peçanha de Moura*


O Fórum Municipal de Cultura, finalmente, aconteceu. De todas as críticas possíveis dirigidas a ele, as mais incoerentes seriam sobre sua riqueza e democracia: 40 entidades da sociedade civil participando do seu Comitê Gestor, em reuniões públicas e amplamente divulgadas, trouxeram à tona uma série de debates, ideias, projetos e discussões. Por isso, portanto, seria injusto traçar um panorama geral das sementes espalhados pelo Fórum na última quinta e sexta-feira.

Acima de tudo, serve o Fórum recém ocorrido como objeto de estudo social/sociológico interessantíssimo. Gostaria de me filiar a um tema aparecido surpreendentemente, e que com certeza foi o que mais esquentou as discussões. Num ambiente em que se esperava o calor de discussões por causa do retorno ou não da Secretaria de Cultura, o que explodiu mesmo foi a necessidade da cidade discutir a questão religiosa. Como afirma Roberto da Matta, “os pingos de chuva caem do céu sem que os queiramos”, e assim, os dados da sociedade aparecem, ainda que façamos previsões contrárias.

Obviamente, a grande discussão foi sobre o Estado Laico, enquanto característica da forma de Governo democrática na qual o Estado não toma partido de nenhuma religião. Antes de tudo, uma pergunta: o que é ser laico? A França, berço da revolução e dos ideais de laicismo estatal, possui em seu idioma duas palavras diferentes para o adepto do laicismo: layman (leigo) e laique (laico). De igual maneira, podemos pensar que existem duas formas de um Estado ser laico: a forma includente a forma excludente.

A forma excludente é aquela onde o Estado, por ser laico, se mantém afastado de toda e qualquer manifestação religiosa, não deixando que as crenças e seus símbolos participem da estrutura social. O extremismo dessa posição tem acarretado atitudes como a do governo francês de Sarkozy, que impede mulheres de utilizarem nas ruas a burka, símbolo religioso muçulmano, bem como crucifixos cristãos nas escolas do Estado. Ou seja: em nome do Estado Laico, a liberdade religiosa é tolida, e a democracia vira absolutismo outra vez.

A forma includente é aquela onde o Estado, por ser laico, entende que sua estrutura deva respeitar e incluir todas as religiões. Já que não cabe ao Governo assumir posições religiosas, todas as religiões devem ser tratadas e incluídas igualmente na sociedade. O extremismo dessa posição tem acarretado em atitudes como a do Governo do Estado do Rio de Janeiro, que, com a lei 3459 de 2000, instituiu o ensino religioso confessional nas escolas públicas. Com aulas de religião, ainda por cima divididas em acordo com as diversas crenças, temos um fenômeno de heroísmo político: além dos especialistas em educação, que já se acham, em geral, salvadores da humanidade, o Estado também se acha super-poderoso, trazendo para ele a responsabilidade de um ensino que não está entre suas atribuições legais contemporâneas, ferindo a democracia tanto quanto a França de Sarkozy.

O Brasil hoje (Cabo Frio segue esse bonde) tem uma mistureba política dessas duas tendências de laicismo estatal. Os crucifixos ainda permanecem nos Fóruns (não os de cultura, mas os judiciários) e nas Câmaras Municiais, onde as Sessões ainda são encerradas em nome de Deus. O Estado Laico brasileiro tem partidos que assumem opções religiosas e governantes que se elegem em nome de suas instituições de culto. Somos uma salada de tendências religiosas de organização estatal, e as discussões sobre o Estado Laico, no Fórum de Cultura ou em qualquer lugar, sempre caminharão por essas duas estradas, a includente e a excludente, que se entrecruzam e confundem tanto as rodovias tupiniquins quanto as cabofrienses. Dificilmente alguém vai “estar errado”: acontece, em geral, que cada um segue (ou cai no extremismo de) uma das duas linhas de laicismo estatal, e como ainda não definimos quem somos nesse ponto, a confusão de identidade passa a ser geral.

Esse foi apenas um dos muitos debates do Fórum Municipal de Cultura, construídos (o Fórum e os debates) com polidez, seriedade, e acima de tudo, pensando a cidade acima do indivíduo. Como diria João Nogueira, que também preferiu não se isolar, mas sim fazer parceria com Paulo César Pinheiro para compor o belíssimo Canto do Trabalhador, “vamos trabalhar sem fazer alarde/Pra pisar com força o chão da cidade/A vida não tem segredo/Quem sentado espera a morte é covarde/Mas quem faz a sorte é que é de verdade/É só acordar mais cedo.”


* Pós-Graduando em Sociologia Urbana pela UERJ

DICAS DA DEL

Por Délna Pinheiro Rangel*

A Montanha e o Rio , de DA CHEN é uma saga que se passa na China. Dois irmãos, Tan e Shento.O mesmo pai e vidas muito diferentes. Um vive no conforto, o outro sofre todo o tipo de privações. Uma mulher, menina ainda. A vida dos dois se entrelaça por conta desta mulher. Enquanto a história vai acontecendo temos um belo panorama da história política e social da China no final do século XX. Dizem que o autor levou oito anos para concluir a narrativa. Valeu a pena esperar.
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André Trigueiro , da Globo News ganhou o prêmio Comunique-se 2009 como melhor jornalista de sustentabilidade. Ele apresenta o programa Cidades e Soluções que já citei aqui como dica. Fiquei sabendo também que ele criou o curso de Jornalismo ambiental na PUC/RJ. O fato de ter sido criada esta categoria e este Curso é um excelente sinal de que as pessoas andam mesmo tentando fazer alguma coisa.
Continuamos preocupados com o destino do lixo em nosso município? Continuamos preocupados em deixar uma cidade sustentável para nossos filhos e netos? O que estamos fazendo pelo Meio Ambiente?
Minha cabeça arranha de tanto pensar . Assistam ao programa . Pensem também . Quem sabe podemos ter idéias simples mas que ajudem nosso planeta?

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Participar do Fórum Municipal de Cultura de Cabo Frio foi uma experiência estimulante. Opiniões diferentes, personalidades fortes em busca de um denominador comum. E não é que encontraram? Cedendo um aqui, exaltando-se outro ali. No fim um documento comprometido com a Cultura de Cabo Frio. Agora é esperar o resultado!

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* Artista Plástica
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terça-feira, 29 de setembro de 2009

ZORRO e “AFOBADO”


Por Milton Carlos Teixeira Marins *



I


Vinha Zorro galopando pelos descampados longe dos vilarejos, quando diante de um entroncamento parou ao perceber que recostado no tronco de uma árvore, de cócoras, havia um homem que parecia estar dormindo. Zorro, chegou mais perto e o cumprimentou:

- Bom dia, Moço!

Levantando de supetão, assustado e tirando o sombreiro, com um sorriso amarelecido pelo tempo, o homem respondeu:

- Bom dia, cavalheiro!

- O que faz por essas paragens? Perguntou Zorro.

- Primeiro, deixa eu me apresentar. Disse o homem. – Meu nome é “AFOBADO”. Estou aqui porque um grupo de bandoleiros me assaltou e levou tudo, inclusive minha montaria e agora estou sem rumo esperando pela ajuda divina.

- Não sou Deus, mas posso ajudar. Falou Zorro. –Suba na garupa que te levo ao próximo vilarejo. Concluiu.

“ABAFADO”, assentiu e agradecendo subiu na anca do cavalo. Assim os dois homens partiram.

II


Mais à frente, Zorro, deu outra parada para se refazer da longa cavalgada. Precisava se alimentar, descansar e dar água ao cavalo. Após apearem, aproveitando o tempo de descanso, os dois homens, trocaram algumas palavras entre si, discorrendo em amenidades corriqueiras ou apenas colóquio entre duas pessoas que não pretendiam ser intimas. Assim bem antes do fim da tarde, Zorro levantou acampamento, selou o cavalo, mas antes de partir, uma idéia lhe veio a cabeça, que ele repartiu com o companheiro de cavalgada dizendo: - “AFOBADO”, se não for pedir muito, você não gostaria de conduzir a montaria? Perguntou Zorro, na intenção de ir à garupa para descansar mais um pouco.

- Sim! Claro que sim! Respondeu “AFOBADO” euforicamente. Nessa hora, pareceu a Zorro que um sorriso malévolo se desenhou prazerosamente no canto da boca de “AFOBADO”, mas logo esqueceu isso não dando importância a essa impressão.

III

Como o seu nome sugere, após ter aceitado o pedido de Zorro, o homem afobadamente colocou o pé no apoio do arreio e montou no cavalo, mas nessa hora, antes que Zorro subisse na garupa, ”AFOBADO”, esporou a barriga do animal que saiu em disparada, deixando Zorro comendo poeira. O traidor ainda olhou para trás e gritou em tom zombeteiro:

- Adeus otário! Ah, Ah, Ah...

Zorro, no mesmo lugar que estava ficou, como a pensar e matutar sobre as circunstâncias e os motivos no enlace de tamanha canalhice. Assim, sem mostrar nenhum sinal de preocupação, Zorro com a calma de um líder, tirou a cigarrilha de trás da orelha, acendeu, deu duas baforadas e quando ia, cavalo e cavaleiro, a uns cento e cinqüenta metros de distância, Zorro, levou os dedos das mãos aos lábios e assoviou bem alto. Nesse instante, entendendo o sinal de seu dono, o cavalo, estancou derrepente, jogando “ABAFADO” no ar, a três metros de altura, em uma curva ascendente, o safado caiu no chão mais a frente, desmaiado.

O cavalo voltou, Zorro subiu e seguiu tranqüilo o seu destino.


CONCLUSÃO


Querido leitor, ”AFOBADO”, se deu mal por três motivos: Em primeiro lugar, porque mostrou que não sabe trabalhar em equipe, pois tentou deixar para trás a única pessoa que o ajudara. Em segundo, porque esqueceu que ninguém passa a função para outro sem a tutela da preocupação. Terceiro e o mais importante, ”AFOBADO” era o único que não sabia que o cavalo do Zorro era ensinado.


MORAL DA HISTÓRIA


Caríssimo sambista, antes de você tomar qualquer decisão, pense direitinho, pense com bastante cuidado e acima de tudo, não seja “AFOBADO”, senão é você quem pode cair do cavalo.


* Sambista e compositor




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sábado, 19 de setembro de 2009

CANTANDO NO CORAL CANTAVENTO – FERLAGOS



Por Ruy Capdeville
A voz é um instrumento fantástico. Além de ser uma ótima terapia para quem faz bom uso dela, tem como vantagem, em relação a outros instrumentos, o fácil transporte e o preço nulo.
No canto se unem arte e ciência, técnica e sentimento, corpo e alma.
No canto coral acrescenta-se, ainda, o trabalho de grupo. No entroçamento dos cantores, os laços afetivos são muito importantes, até inevitáveis.
É também, a voz, o instrumento mais dócil que o homem tem para expressar o seu sentimento artístico. Eis por que o canto coral emociona tanto.
É isso que o torna veículo efetivo de cultura, levando obras complexas a serem entendidas até por pessoas simples..
O Coral Cantavento, apesar de ser um coral universitário, mistura idades, raças, credos, níveis culturais e econômicos, o que o torna uma grande família unida e diversificada.
O Coral Cantavento, que está sempre presente na vida da cidade de Cabo Frio levando cultura e alegria à própria comunidade e a outras cidades de Brasil e do exterior, já conhece outras culturas e outros cantos e quer, então, compartilhar essa experiência. A tal fim, tem trazido para cá alguns dos melhores corais do Brasil e do exterior.
Este é o 23o Encontro de Corais de Cabo Frio, que há 18 anos se tornou internacional.
Sempre contamos com o apoio da Ferlagos, que é a nossa mãe, e da Prefeitura, que esteve sempre presente na organização dos Encontros colaborando com tudo o que foi possível. Este ano contamos também com o apoio da Associação dos hoteleiros de Cabo Frio.

O recebimento caloroso que o povo de Cabo Frio da aos corais visitantes, além da muito boa hospedagem oferecida, faz com que os corais se disputem uma vaga para participar do nosso Encontro. Já recebemos alguns dos melhores corais do Brasil e vários valentes corais de Uruguai, Argentina e Venezuela. Também do Equador, da Colombia e do Paraguai
De terras mais longínquas, tuivemos belíssimos corais da Polonia, Croacia, Alemanha, República Tcheca, Portugal, França e dos Estados Unidos..
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DICAS DA DEL

* Por Délnia Pinheiro Rangel

Faz tempo que não apareço aqui. Tirei um tempo de escrever, não de ler. E andei lendo livros muito bons, ótimos e apenas bons.

O Andar do Bêbado de Leonard Mlodinow é um livro sobre o acaso. Literalmente. Senti cheiro de livro bom e comprei. É fascinante. O livro é pura filosofia e matemática. Vai fundo na teoria das probabilidades, com exemplos muito bem explicados. Mesmo que você não goste e pense que não entende matemática vai entender e até gostar.

Mlodinow comenta a resistência que os homens têm de aceitar a aleatoriedade em suas vidas. A famosa frase de Einstein “Deus não joga dados com o Universo” é reinterpretada. Pode ser que Deus não jogue mas que alguém joga ...

Que ninguém pense que o livro é uma apologia ao “deixa a vida me levar”. É uma nova maneira de entender as escolhas que fazemos e as portas que não abrimos. É entender que para aumentar a chance de sucesso, precisamos multiplicar nossas experiências de fracasso.

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Para sempre Alice de Lisa Genova conta a comovente história de uma professora de Harvard, de renome internacional que perto de completar 50 anos descobre que tem a doença de Alzheimer . Esquecer óculos, palavras e pessoas não é uma bobagem para ela. É parte de sua doença. E ela usa engenhosos artifícios para driblar , atenuar e aceitar o diagnóstico. Claro que ela tem um suporte familiar invejável. Vale o conhecimento sobre a doença. E vale bater na madeira para não ficar na mesma situação.


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Um pouco mais fácil de ler , Jogo de Criança de Carmen Posadas trata da maldade infantil. Existe mesmo, é apenas exagero ou a dissimulação das crianças nos impede de notar?


A escritora cria mundos paralelos ao escrever sobre uma escritora que está em pleno processo de escrever um livro que vai-se mostrando parecido com a realidade que a cerca. Com dicas para quem quer escrever e muita imaginação o livro nos surpreende até o último capítulo.

Vem aí mais uma Noite Literária Teixeira e Souza. Desta vez vai ser dia 24 de setembro, 19 horas no auditório da Veiga de Almeida. O tema é Primavera. Participe. Leve sua produção!

terça-feira, 15 de setembro de 2009

PÉS NO FÓRUM


* Por Rafael Peçanha


Hoje começam as reuniões dos oito segmentos culturais de Cabo Frio, definidos pela legislação do Conselho Municipal de Cultura, com o objetivo de eleger delegados e tirar indicativos para o Fórum Municipal de Cultura, que acontecerá nos dias 24 e 25 de setembro na Universidade Veiga de Almeida. De hoje até quinta-feira, agentes culturais da cidade estarão reunidos em noites que coroam um processo, cuja logomarca apresenta dois pés caminhando. Mas caminhando como? E para onde?

Depende. Há quem ache o solo muito acidentado, e prefira não caminhar, ou ainda, caminhar por outro solo mais confortável. De fato, a experiência do Fórum Municipal de Cultura não poderia ser um solo nivelado: é cheia de acidentes, erros, defeitos e inexperiências. A própria legislação usada por base – as leis municipais que instituem o Conselho – é incompleta, ao não abraçar a totalidade das representações culturais de uma cidade, uma boa tarefa para os nossos Vereadores. A dificuldade de estrutura e comunicação; a dinâmica às vezes enfadonha de inscrição, são características deste solo acidentado sobre o qual caminhamos. Mas os que se negam a caminhar sobre este solo (com todo o direito democrático que têm de fazê-lo) esquecem que seus passos ajudariam a nivelar este chão emburacado, para que as próximas gerações obtenham, com Fóruns evoluídos e melhores, os resultados deste momento que juntos construímos.

Há quem caminhe para trás. Não é uma caminhada errada, só que cansa mais e não leva a novos objetivos. Há momentos, porém, em que é necessário dar um passo para trás, a fim de dar dois para frente. O Fórum, de certa forma, tem desses momentos: é preciso lavar a roupa suja – às vezes extremamente encardida – entre os agentes culturais, para que novos caminhos, unidos e em direção ao futuro, possam ser traçados. Entretanto, a imagem dos pés deve ser a do bom cobrador de pênaltis: ele empreende passos para trás, para em seguida efetuar um chute perfeito, para frente, na direção do futuro: uma boa cobrança.

A cobrança, aliás, é um dos passos que deve ser dado. Um Fórum, democrático, que nasce das bases da sociedade, deve ter com principal característica a crítica propositiva, a fim de que a classe aponte ao Governo o que deseja como política pública de cultura. Por outro lado, em resposta, cabe ao Governo apresentar o que é possível fazer, econômica e legalmente, na direção dessas aspirações. Pode ser que esses dois passos não se encontrem; pode ser que um lado dê passos largos, e o outro, apenas pule no mesmo lugar. O fato é que, quem participar deste momento, poderá ao menos dizer que caminhou, enquanto os ausentes simplesmente descansavam.

Caminhemos: o Fórum está presente. Um processo que se desenvolve desde o dia 24 de junho, com a iniciativa do Projeto Cidade Viva da Folha dos Lagos. Uma caminhada que se desenha com diversas reuniões, amplamente divulgadas, públicas. Seus passos, discutidos por um Comitê Gestor ampliado para cerca de 40 entidades da sociedade civil, não pode ter outra característica, que não a democracia. E aos que criticam a Cultura, a Classe, a Política Cultural, e até o próprio Fórum, muita das vezes com boas razões, cabe lembrar que são os que mais precisam estar presentes, pois o Fórum é o caminho mais rápido, objetivo e coerente para efetivar todo tipo de reclamação e discordância sobre tais aspectos.

Não dá para criticar a estrada sem passar por ela. Os corajosos caminharão e reclamarão do solo, mas com pés calejados do andarilho. Aos críticos de gabinete, que pedem asfalto sem conhecer a realidade do chão batido, boas leituras e chás. Os guerreiros preferem pôr os pés no chão.


* Pós Graduando em Sociologia Urbana/UERJ

Lixo Humano


*Por Paulo Cotias


As relações que se estabelecem entre as pessoas são marcadas também pelo aspecto liquido. Essa afirmação é decorrente do pensamento de Bauman, sociólogo que se debruça sobre o tempo pós-moderno, a tentar decifrar seus rastros. Mas não temos linhas suficientes para expor todo o pensamento, restando apenas o tema inicial que propomos. A liquidez das relações tem o individualismo como pressuposto mais fundamental. Isso significa por as instituições e as pessoas como instrumentos de uso pessoal, tal qual uma escova de dentes. Ao sentirmos qualquer desgaste das cerdas, a descartamos e adquirimos uma nova. É a produção de um efeito catastrófico que o autor denomina “lixo humano”.


Claro que orientamos nossas relações e escolhas com base em certos critérios e perspectivas pessoais. O que destoa do aceitável é a intensidade como escolhemos construir essas relações com pessoas e instituições além do pragmático, fixando apenas o valor mais imediato possível de uso. Sob esse ângulo, causa estranheza que referentes outrora tidos como básicos como o respeito aos compromissos assumidos, a palavra empenhada, ou mesmo a amizade, são agora volúveis como um curso d'água. Ou seja, os compromissos tem a duração exata do tempo de uso. Tudo vai depender de quem usa quem e, no ritmo impresso, quem esgota o outro primeiro.


Esse viés explica um pouco o porque de tantas pessoas e instituições por elas colonizadas cairem no mais profundo descrédito. Tomemos os partidos políticos como exemplo. Em seu nascedouro, a instituição partidária é chamada não só a defender como a entrar de cabeça nas lides sociais, em defesa de certos segmentos representativos, seja o proletariado ou o patronato, entre outros. Hoje, não passam de instrumento para beneficiar a poucos, muito poucos, que transformaram a beleza da militância na face horrenda do carreirismo, da subserviência dos favores, da luta meramente pessoal sob a bandeira enganosa da coletividade. O ícone dessa perspectiva é a confusão entre indivíduo e instituição. A personalização gera um processo corrosivo nos alicerces institucionais, ao ponto do irreversível. Geralmente quem tem esse costume acredita ser uma espécie de reserva moral, ou seja, nada e ninguém “presta” a não ser ele. Ou ainda, retorce a história como um pano de chão, de modo a levar a crer que consigo veio o marco zero de uma nova era.

E para que tudo isso seja levado a cabo, é preciso uma boa quantidade de pessoas descartáveis. Elas não o são pela ausência de qualidade, ao contrário ! São tão excelentes enquanto necessárias a certos propósitos. Especialmente para emprestar predicados que o usuários não possuem. Nesse jogo absurdo, lembremos de Sennet, que tão bem define o “tempo flexível” que nos impõe seus ditames. Ao sermos usados, temos ainda que nos submeter, como vimos, ao tempo de uso que, muitas vezes, são torneados aos caprichos da hora que for.

O resultado disso tudo leva ao massacre dos usados, à produção de mais e mais lixo humano a ser varrido para debaixo do tapete social ou ser reciclado para um novo uso, quando muito. É um fenômeno muito complexo, não mais compreensível em sua totalidade pelas relações sociais clássicas, tão cara às análise marxológicas.

O ingrediente que não pode deixar de faltar nesse denso caldo, é o da mídia. Também ela se torna valor de uso, construindo a opinião conforme as pratas que lhe cabem no bolso. Quantos não arrotam suas qualidades infinitas pagas a bom preço ? Quantos não constroem a perfeição dos atos pelos fatos bem pesados e bem pagos ? Quantos não assanham a arrogância de controlar a dinheiro o que será escrito ou falado sobre seu caráter ? Quantos não apagam da história a justiça, deletam os laços fraternos por meio da infâmia, empenham a memória em nome do financeiro ? Quantos não usam a mídia para ameaçar o outro e ocultar sua abismal mediocridade ? São questões postas para uma longa reflexão.

É difícil sobreviver na liquidez dos tempos. É ilusória a estabilidade em bases movediças. Talvez seja por isso que tantos se agarram aos milagreiros de todas as matizes...mesmo que lhes seja oferecida a oportunidade de desfrutar um pouco de graça, com o pouco que lhes resta a dar.


* Professor Universitário e Coordenador do Projeto Cidade Viva
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segunda-feira, 14 de setembro de 2009

LUZ, CÂMERA, AÇÃO!

* Por Milton Carlos Teixeira Marins

Luz, câmera, começou a sessão e o povo continua sem ação, assistindo sem reação o político acusando o outro de ladrão. Em toda direção, apontando aquele que na verdade são os múltiplos reflexos de si mesmo.


Políticos bem alinhados, engravatados, mal intencionados até o pescoço, assediados, perfumados, com carro à disposição e passagem grátis de avião, para ele e toda família que rouba a Nação.
E as crianças, sem pão e escola, pelos sinais pedem esmola. Alguns adolescentes são crak`s ambulantes cheirando cola, e enquanto a fome, esse monstro que corrói suas cacholas, o político diz: - “É tudo marola”.


Diz o dito popular: “O Brasil é o país mais rico do mundo. Há 500 anos é roubado e até hoje não quebrou”.Tudo começou com os piratas na colonização e hoje somos colônia do FMI onde a crise não passa de invenção para exploração do “faz-me rir”.


E o que seria do povo se não fosse o siri, camarão, sardinha, carapicú, farinha, pimenta, cachaça e o samba. Enquanto isso, o político safado se reúne em seu castelo com aqueles que (envergonham os comedores de farelo), para esbanjarem o dinheiro do povo, a se tratar de caviar, lagosta, escargot, chateau, chandon, duvallier,vinho verde,do porto e Jazz.


Aliás, para mim, todo político safado é dez; dez preparado, dez compromissado, dez credenciado, dez capacitado, etc...


Mas um dia tudo vai acabar e vai imperar a justiça. Deus vai mandar um anjo com poder de polícia para prender os políticos safados, corruptos e ladrões e mandar para cadeia das chamas em um cárcere das trevas permanente.


E o pior é constatar que ainda tem gente que fica do lado daquele que mente.

* Milton Carlos Teixeira Marins é Compositor e sambista


REFLEXÃO

Muitos acreditam que podem apontar o dedo sendo preconceituosos para com aquele que fuma, bebe, de cor, feio, gordo, gay... E não tem a menor capacidade de enxergar onde ele está identificado na cadeia social. Sabemos que quando apontamos o dedo indicador para alguém, existem três que sem perceber estão voltados diretamente para nós. Não existe o ladrão maior porque roubou milhões e o ladrão menor que roubou um real, é uma coisa só, (pegou o que não era dele), mas existe a ignorância de uma minoria que ainda se julga de SANGUE AZUL. Lembre-se que nem todos somos daltônicos, se é que me entende?!

Carlos Ernesto Lopes

Cultura sem movimento


* Por Carlos Ernesto Lopes


Entender o significado da palavra movimento, não é tão difícil assim. Basta você andar e aí está a resposta: é tudo que se move. Esclarecida esta questão, passamos para a palavra Cultura que pelo visto, tem se mostrado muito mais complicada em sua definição. Andam pintando por aí uma cultura que não existe! Essa definição não passa pelo egocentrismo de quem tem a síndrome do TÁSSIA (tá se achando quem?).

Costumes, culinária, indumentárias, artesanatos, cores, tradições, dentre outros, fazem do seu povo a sua cultura. O debate sobre esse tema tem trazido um sentimento de desânimo aos “que fazem cultura”. Intrigas, fofocas, demagogias, desrespeitos, blogs,orkut fake com fuxicos da Candinha e recadinhos daqueles que não tem a coragem de se expressarem e tornam esse movimento parado.

Você deve estar se perguntando: Se o significado de movimento é tudo que se move, como pode estar parado?


Na verdade poucos acreditam no que estão se propondo a realizar. A discussão de um fórum de cultura mais uma vez se transformou na cansativa e exaustiva disputa entre LIRAS e JAGUNÇOS. Mas Liras e Jagunços não fazem parte da história? Não é cultura? As interrogativas estão corretas, esse movimento repetitivo de disputas, está fazendo com que não possamos avançar no que mais se faz necessário e urgente no município de Cabo Frio, uma política cultural social completa.

Desnudar-se por completo das indumentárias das Liras e dos Jagunços, é para já! Alimentar-se da culinária do saber, nos deixará nutrido de cultura. Mas para que tudo possa acontecer, não se deve levantar a voz, cartão, individualismo, preconceitos, desrespeito com “aqueles que fazem cultura”. Pois aquele que diz fazer cultura, deveria movimentar-se culturalmente. Esse sujeito pode ser identificado parando o movimento cultural. Não entendeu? Por favor, leia novamente...

* Carlos Ernesto Lopes é Superintendente da Morada do Samba



sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Conexão Cabo Frio – Santos


Por Carlos Ernesto Lopes (Carlão)

No último final de semana, a cidade de Cabo Frio recebeu a visita de uma junta carnavalesca da cidade de Santos. Capitaneada pelo professor e vereador Fabião, os presidentes e diretores das agremiações santistas, não guardaram a surpresa e elogios ao ver à segunda cidade do samba do Brasil, a MORADA DO SAMBA. Recepcionados pelo superintendente do espaço carnavalesco, Carlos Ernesto Lopes (CARLÃO), presidentes e diretores das agremiações cabofrienses, entenderam que o encontro deveria ter seu início no local onde foi resgatado o carnaval da cidade, ou seja, na Avenida Joaquim Nogueira no bairro São Cristóvão.

Dentro da intenção desta visita, tinha uma certa coincidência com a história do carnaval santista com a do carnaval cabofriense. Santos acabara de resgatar seu carnaval que ficou cinco anos parados por causa da política local. Será que nos lembra alguma coisa? Deixa para lá. Seguindo um roteiro, proporcionamos aos visitantes um tour completo pela cidade nos pontos históricos, o que mais uma vez deixou-os surpresos e impressionados com os quintais das nossas casas.

Retornando a Morada, os presidentes das escolas de samba da cidade de Cabo Frio os aguardavam para a visita aos galpões. Vídeos e fotos de desfiles dos últimos 10 anos os impressionaram ainda mais. O professor e vereador Fabião, comentou: - Também estamos querendo a nossa MORADA! A nossa intenção, além de aprender mais de carnaval, também é levar a nossa comunidade santista o que essa manifestação cultural trouxe de importante para o crescimento do município. Cabo Frio não poderia ter sido melhor exemplo. A vitória dos sambistas conquistada junta comunidade-poder público, mostrou a força que a festa do MOMO tem na cultura da cidade, e a partir de hoje a conexão Santos – Cabo Frio está formada.

O intercambio não para por aí. O convite para conhecermos o trabalho do carnaval de Santos e darmos uma consultoria já tem mês marcado, setembro.

Para nós, fica a certeza de que estamos no caminho certo e acreditando cada vez mais na evolução do nosso carnaval.


Carlos Ernesto Lopes (Carlão)é Superintendente da Morada do Samba

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

DICAS DA DEL

Por Délnia Pinheiro Rangel*

Uma grande amiga (que por acaso é também minha irmã) me perguntou por que ainda não recomendei A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS de Markus Zusack. Imperdoável realmente! Editado em 2007, o livro tem como narradora a Morte. Não, não é um livro triste. Não? A história se passa durante a Segunda Guerra numa cidadezinha da Alemanha. Fala de uma menina, Liesel, que engana a Morte e rouba livros.O gosto de roubar livros deu à menina uma alcunha e uma ocupação.A sede de conhecimentos deu-lhe um propósito. Então, o que é que faz com que o livro não seja triste? A ESPERANÇA. Esse é um daqueles livros que nos faz crer na bondade dos homens (de alguns) e a confiar que dias melhores virão. Os personagens não perdem tempo lamentando seus males mas encontram um objetivo para superar a época tempestuosa em que vivem. A verdade é que o livro é fantástico e eu realmente já devia tê-lo indicado. Nunca é tarde, porém.
Leiam A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS. Depois me contem se minha irmã não tem razão!

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Ando pensando nos meus velhinhos prediletos, Chico Buarque, Caetano Veloso e Ivan Lins entre outros. A genialidade não envelhece, felizmente!
Chico escreveu um livro, foi a Paraty e ainda compôs um samba maravilhoso para o Diogo Nogueira gravar (Sou eu). Ele já tem 66 anos. Teve uma lesão no joelho e está sem poder jogar o futebol que adora. Segundo ele, é praga do velho, uma alusão ao personagem de seu LEITE DERRAMADO. Continua genial.
Caetano gravou um novo álbum Zii e Zie (que em italiano significa tios e tias) é o protagonista do documentário Coração Vagabundo. No filme ele aparece sem roupa fazendo a barba. Podemos observar que ele é bem dotado quem diria! Continua polêmico. É dele a melhor descrição de rabugice que conheço: “um humor de quem já não espera nada”. Caetano já tem 67 anos.
Ivan Lins continua compondo. Já tem 64 anos.Divide o palco com seu filho Cláudio Lins no Teatro Rival. Os dois lançam o último álbum. O pai lança o 38º da carreira, o filho lança o segundo. O autor do sucesso “Aos nossos filhos” onde dizia “perdoem a falta de abraços, os dias eram assim” e também “ quando colherem os frutos façam a festa por mim” está colhendo os frutos de uma vida bem vivida. Os dois tocam maravilhosamente.
Gosto de pensar nos que envelhecem bem. E com lucidez. Estou tentando envelhecer assim.
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A propósito de livros, vi uma reportagem sobre o “livro eletrônico”. Um dispositivo que permite a armazenagem e a leitura digital de livros, jornais e afins. Os leitores digitais são equipamentos eletrônicos com um sistema operacional básico, que permite às pessoas carregarem para todo lugar uma pequena biblioteca digital. Outra característica dessa novidade é o peso: pelo fato de o foco estar na portabilidade, esses aparelhos precisam ser bem leves.
A tecnologia já está bastante difundida nos EUA . Por lá já tem até concorrência entre empresas. A Amazon lançou o Kindle por US$ 480,00. A Sony tem seu Reader Pocket Edition que custa cerca de US$300,00.A iREX tem o Digital Reader 1000 que custa em torno de US$800,00.
Cada leitor digital pode armazenar até 3000 livros. Os livros podem ser comprados via Internet. Cada volume custa cerca de U$$ 9,90.
Apesar de a tecnologia existir há alguns anos, os leitores ainda não se popularizaram. Parte pelo custo do aparelho, parte pelo fato de as pessoas acreditarem que não vale a pena ter um aparelho para ler livros. Esse cenário pode mudar, pois as diversas aplicabilidades desse tipo de dispositivo vai além dos livros. Com eles, podemos acessar conteúdos como jornais e documentos de trabalho. Processos judiciais digitalizados ficariam de fácil acesso a juízes e advogados. A integração com sistemas de certificação digital daria a esse tipo de dispositivo a possibilidade das pessoas efetivamente assinarem um documento que seria automaticamente validado pelo sistema.
E você? Gostaria de ter um aparelhinho destes? Ou você é daqueles que nem pensam em substituir o hábito de mudar as páginas de um bom livro?
Bem, eu sou louca por novidades. Vi o primeiro GPS há nove anos atrás e hoje não saio de casa sem ele. Só preciso saber se os livros vêem escritos em português. Sei que com um modelinho destes posso até dispensar os óculos. A letra aumenta de tamanho!
* Délnia Pinheiro Rangel é artista Plástica.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O HOMEM QUE BRINCAVA DE “DEUS”


Por Carlos Ernesto Lopes (Carlão)*

No primeiro dia, o homem que brincava de Deus, não criou o homem a sua imagem e semelhança, pelo contrário, pegou seu semelhante e lhe fechou as portas do conhecimento, pois só assim ele poderia brincar de “Deus”.

No segundo dia, o homem que brincava de Deus, em um ato de extrema vaidade, criou a televisão onde só ele poderia aparecer. Mas no final o homem que brincava de Deus, acabou sendo ofuscado pelo próprio holofote.

No terceiro dia, o homem que brincava de Deus, criou o computador, internet, orkut, email,criando assim o mundo virtual. Hoje o homem que brincava de Deus, não sabe se o mundo que criou o “Matrix”, é um sonho que virou pesadelo ou é uma realidade que ele não controla mais.”

No quarto dia, o homem que brincava de Deus, criou o celular e dele a máquina fotográfica, gravador, virando, games e torpedos. Quando tentou se comunicar com seu semelhante, ouviu do outro lado uma voz metálica respondendo: - “ Impossível COMPLETAR sua ligação

No quinto dia, o homem que brincava de Deus, se ajoelhou e suplicou ao verdadeiro Deus, que o ajudasse a destruir as máquinas que ele havia criado.

Não adiantou...No sexto dia, as máquinas criadas pelo homem que brincava de Deus, construíram uma grande cruz.

E foi assim...No sétimo dia, o homem que brincava de Deus, foi crucificado.



Milton Carlos Teixeira Marins


Analisando ...


Poucas são as pessoas que não percebem que estão brincando de Deus. Atitudes infelizes de algumas pessoas que inventam, julgam, apontam, difamam e até agridem, acabam sendo confundidas com o homem que brincava de Deus. Em nosso dia a dia, deixamos passar desapercebidos, essas atitudes que vão além dos limites da compreensão de qualquer ser humano. Em todos os meios da sociedade, trabalho, esquinas, reuniões, fórum, muitos as confundem com meras atitudes partidárias, alguns desprezam, outros simplesmente ignoram. Na verdade o que fica de tudo isso é, a cruz, ali, enterrada, para que alguém seja crucificado.

Uma das passagens bíblicas mais conhecida, diz: - “Atire a primeira pedra, aquele que não tem pecado!!!”Como uma frase tão antiga, poderia nos dia de hoje fazer com que refletíssemos antes de agirmos. Sei também que essa percepção não é para todos, mas também sei que muitos não entenderiam essa coluna, não por conseguir interpretar, mas por não estarem preparado para viver em sociedade.

Melhor que brincar de Deus, é reconhecer o seu papel na evolução daquilo que você se propõe. Caso não reconheça, lembra da cruz, ali, enterrada?Então ta...


Carlos Ernesto Lopes (Carlão) é Superintendente da Morada do Samba


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sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O Homem Cordial

Por Paulo Cotias*

Antes que pense o leitor estar diante de linhas que falam ao coração, se faz necessário colocar as questões nos seus lugares.



A primeira vista, a expressão “Homem Cordial” de Sérgio Buarque de Holanda pode sugerir um conceito empírico, baseado na cordialidade como ethos, uma espécie de bondade e gentileza inerentes, o que ressoa no discurso de que o povo brasileiro é feliz por natureza. Não. Mas não é disso que trata o historiador.



A expressão é um ícone antropológico do como foram erigidas as instituições sociais e as relações de poder delas advindas, desde as brumas de nossa história. O homem cordial é um arquétipo. É aquele que age movido pela emoção em lugar da razão. Uma consequência direta dessa característica está na incapacidade de se distinguir o público do privado e o palco dessa confuso modus operandi é a política. Desse modo, afirma Buarque de Holanda que o brasileiro teria uma herança de longa duração que o impulsiona à informalidade nas relações, aproveitando-se do fato de que nossas instituições sociais foram historicamente constituídas com o cimento da coerção, com a argamassa do autoritarismo, em que o diálogo entre o poder constituído e o povo não passa de mera peça de ficção.


A informalidade é o cerne da indistinção entre o público e o privado. E ela tem nuances muito curiosas.


Primeiramente, permite que se decidam questões estratégicas e até mesmo vitais para o desenvolvimento da sociedade, o que se traduz também pela ocupação de cargos e funções, através de processos irracionais em que pesa muito mais o argumento do particular, o arranjo e acomodação de interesses pessoais, que longe, muito longe passam pelas reais necessidades e expectativas do povo. O preço a pagar é o retrocesso, letargia, empanamento da máquina política, que pode se tornar um paciente terminal, na tentativa de sugar um ar novo em pulmões que já não podem sorvê-lo. Os pulmões políticos devem ser oxigenados se desejamos vê-los limpos, saudáveis e capazes de dar o ar ao sangue dos que acreditam poder fazer ao menos a diferença. Ou podemos irrigar e aninhar calorosamente o câncer, a espera que ele consuma silenciosamente a saúde e as esperanças. E é possível, desde que o câncer seja amigo, que se instale ao menos na mama, pois é a forma mais bem acabada e aconchegante de um peito.


A informalidade precisa passar necessariamente pela “amizade”, seja lá o que isso signifique. Desde o Brasil-Colônia, os mercadores estrangeiros já sabiam que era impossível fazer um bom negócio sem antes travar uma boa amizade com um brasileiro. Ao conquistar uma relação de benefício mútuo, se ganhava a benesse do afastamento da lei e da razão, como gesto de boa-vontade e confiança, oferecendo ao indivíduo os favores que desejar, como e na hora que assim quiser.


Hoje não é diferente. E não importa que, para isso, se tenha que passar por cima de tudo, da lei ou das pessoas, pois os outros não estão em questão. São objetos de uso e não de valor.


Para finalizar, vale trazer para este breve diálogo o professor Roberto Damatta, que identifica que quanto maior a autoridade, maior a tendência de fazer uso das relações informais. E adverte o antropólogo que reclamar além de não adiantar é também perigoso nesse jogo, pois quando a autoridade é perturbada, usará da força pessoal ou dos seus agentes imediatos, primeiro para dissuadir o reclamante e, caso não obtenha sucesso, aplicar-lhe uma sanção. São essas as regras do jogo. Quem vence, debocha com o sorriso de quem nem força precisou fazer. Já para quem perde, só resta, mesmo que entre os dentes, agradecer...cordialmente


* Professor Universitário e Coordenador do Projeto Cidade Viva
*

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

DICAS DA DEL

Por Delnia Pinheiro Rangel *




Em tempos de gripe H1N1, temperaturas baixas e vento (ai, o vento!) frio, ficar em casa é bem prudente. Não houve a volta às aulas. Crianças em casa podem ser um problema se não temos tempo para estar com elas. Que fazer? Um bom lugar para ler um livro, um bom livro. Ler junto com os filhos ou ler para os filhos. Um bom filme ou um bom programa na TV.

Vou recomendar alguns livros para você. Se não der para comprar,
peça emprestado (eu tenho), vá até a Biblioteca (quando chegar, lave bem as mãos e passe álcool). Leia. A leitura nos faz viajar mesmo estando em casa. Ensine seus filhos a ler. Entender a vida através de vivências literárias é o maior barato. Podemos ser o que quisermos lendo. Se não o narrador, um personagem. Ou até ser o crítico que censura o comportamento de um ou outro autor.

Para você:

Encontro Marcado de Fernando Sabino- uma amiga me lembrou deste. “Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sonho uma ponte, da procura um encontro” Escrito em 1956, continua atual.Conta a trajetória de três amigos de infância que combinam um encontro vários anos depois.Podia ser apenas o romance de uma geração mas seu sucesso ainda nos dias de hoje faz dele um romance de formação.Os jovens costumam fazer dele seu livro de cabeceira. Os mais velhos relêem com prazer.

O Caminho do Meio de Lou Marinoff- um calhamaço com 653 páginas. A epidemia certamente acabará antes que você o leia todo. É um livro para ler em pedaços. Começando pelos que mais interessarem. Não, não são crônicas. É um livro de filosofia. Para aprender que trilhar o caminho do meio, como Buda nos sugere diminui nosso desconforto nesta era de extremos que estamos vivendo.

Pequenas infâmias de Carmen Posadas- uma delícia que derrete na boca, um cenário elegante, uma construção espaço temporal perfeita, personagens intrigantes e uma surpreendente trama de mistério. Estilo quem matou?

Para os mais jovens:

O Mistério de Feiurinha de Pedro Bandeira – uma grande brincadeira sobre as historinhas infantis. As princesas dos contos de fadas, depois de casadas com príncipes encantados gordos e pouco participativos. Com direito a dor de cabeça da Rapunzel porque o Príncipe engordou mas continua esquecendo as chaves de casa e sobe por suas tranças. E a bronca de Chapeuzinho Vermelho que não tem nenhum príncipe em sua história.

Crepúsculo, Lua Nova e Amanhecer de Stephenie Meyer – a saga da adolescente humana apaixonada por um vampiro e amiga de um lobisomem.

Os delírios de consumo de Becky Bloom de Sophie Kinsela- uma compradora compulsiva que dá conselhos sobre economia num jornal. Desde que as leitoras não aprendam muito!

Escolha um. Leia um livro para as crianças.
Não vai faltar distração!
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Bem, seu lance não é ficar sentada ou deitada no sofá ou cadeira de balanço lendo? Filmes, bons filmes.

Para você:

Piaf – um hino ao amor- A vida de Edith Piaf foi sempre uma batalha. Abandonada pela mãe, foi criada pela avó, dona de um bordel na Normandia. Dos três aos sete anos de idade, ficou cega, recuperando-se milagrosamente. Mais tarde, viveu com o pai alcoólatra, a quem abandonou aos 15 anos para cantar nas ruas de Paris. Em 1935, foi descoberta por um dono de boate e, naquele mesmo ano, gravou seu primeiro disco. A vida sofrida é coroada com o sucesso internacional. Fama, dinheiro, amizades, mas também a constante vigilância da opinião pública. Altos e baixos da voz que marcou gerações.

Ainda:

Volver – de Pedro Almodóvar
O Leitor – com Kate Winslett

Você pode ainda, pegar filmes de catálogo, aqueles antigos e ótimos de rever.
Sociedade dos Poetas Mortos

O Paciente Inglês
Forrest Gump
Noivo nervoso, Noiva neurótica.
Bonequinha de Luxo

Escolha um. Veja com seus filhos. Divirta-se.


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A locadora não tem o filme que você quer? Programas na Tv, bons programas, umas bobagens de vez em quando.

Aproveite as férias forçadas para conviver. Você pode ser surpreendido com a alegria de simplesmente ficar ao lado de pessoas que você ama.
Viva bem!

* Artista plástica e Gerente aposentada da Caixa Econômica Federal

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sexta-feira, 31 de julho de 2009

DICAS DA DEL

Por Delnia Pinheiro Rangel *

A dica de livro desta semana é “Travessuras da menina má” de Mario Vargas Llosa, um autor peruano muito aclamado. Neste seu livro ele parece encontrar algum tipo de superação. O livro fala de um amor de adolescência que sobrevive ao passar do tempo. É a história de Ricardo e Lily (que muda de nome e de marido muitas vezes) que entre encontros e desencontros estão sempre por perto nos lugares mais distantes de sua cidade natal. Entre o cômico e o trágico, entre a realidade e a ficção, a história vai mostrando os contrastes e as trapaças do destino quando quer reunir ou desunir dois apaixonados.
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Qual foi o melhor livro que você já leu? Aquele que você não esquece, que você leva consigo em eventuais mudanças e que de vez em quando dá vontade de ler de novo?
“O Amor nos Tempos do Cólera” de Gabriel Garcia Márquez é minha resposta por vários motivos. O autor é latino, escreve muito bem, as mazelas de seu país são parecidas com as do nosso. E é uma história de amor. Florentino Ariza ama Fermina Daza que se casa com Juvenal Urbino. Sem pieguice. O amor no qual eu gostaria de acreditar. E que nunca me apareceu.
Que mulher não gostaria de encontrar um homem que a amou por toda uma vida e esperou pacientemente a oportunidade de ficar junto a ela para continuar amando-a? Que homem também não gostaria de encontrar uma mulher assim?
O livro não se resume a contar e cantar o amor. Passeia por personagens muito bem construídos e marcantes. Mostra a realidade de uma época com detalhes e tem uma narrativa que cativa desde o primeiro capítulo.
Voltando à pergunta inicial. Qual foi o melhor livro que você já leu? Escreva um comentário. Vamos fazer uma votação?

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A Noite Literária do dia 20 de julho foi um sucesso. A participação da platéia criou mais uma vez o clima intimista que estamos procurando. Seres humanos que somos, o palco nos transforma em atores.Em agosto vamos ter novidades: Logo depois da Noite Literária que terá como tema a JUSTIÇA, um show da Banda Ondalivre fazendo a primeira apresentação de um show que vai sair de Cabo Frio para o sucesso. A banda tem temporada a cumprir no Rio e em Niterói. Quem for à Noite Literária vai ter 50% de desconto no show.
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Muito boa a exposição de Marcos Homem. A Casa dos 500 anos é linda e bem apropriada para abrigar eventos desta natureza.
As fotografias do cotidiano de Cabo Frio têm uma delicadeza muito bem captada pela sensibilidade do artista. Não deixe de dar uma passadinha lá.
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As locadoras já têm o filme vencedor do Oscar 2009, “Quem quer ser um milionário?” . Vale a pena conferir. Em tempos de Caminho das Índias ( muito boa por sinal) , o filme lança um novo olhar sobre o país. A maneira de contar a história é inovadora e os atores dão conta do recado direitinho. Embora não sobrevivam da arte de atuar. Li até que a menina que faz a protagonista teve sua casa derrubada. Favela é sempre uma dor escancarada. Mas não se assuste , o filme é antes de mais nada , uma linda história de amor.

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A crise no Senado brasileiro me faz lembrar: Getúlio Vargas saiu da vida para entrar na história. José Sarney saiu da história para cair na vida. E cair muito!
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A dengue matou muito mais que a gripe H1N1. Só que a gripe está apenas começando . E até onde sabemos a prevenção é tudo que podemos fazer. O que assusta é que depois que a doença se complica, a evolução é muito rápida e quase sempre fatal.
Nunca é demais fazer:
Lavar as mãos muitas vezes, sempre que permanecer em locais fechados;
Evitar tocar o rosto com as mãos;
Usar álcool em gel nas mãos ( o estoque está acabado em Cabo Frio) , ou se não o encontrar , usar álcool 70 para diminuir a chance de contaminação;
Evitar aglomerações. Sabemos como é difícil! Usar o transporte coletivo é se expor. E quem pode deixar de usá-lo? E, às vezes, pensamos, já que tenho que me expor para trabalhar por que não para me divertir? Um bom argumento mas lembre-se que viver é uma vez só. Cuide-se!
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O Brasil vem colecionando vitórias importantes no esporte. A seleção de vôlei conquista seu oitavo campeonato na Liga Mundial. Na natação, César Ciello ganhou a prova dos 100 m livre com recorde mundial. Felipe França com medalha de prata e seu gesto de ajoelhar-se em solo romano, agradou muito.
Agora, fosse eu a Rafaela , mulher do Felipe Massa compraria aquele adesivo muito usado nos anos oitenta: “ Não corra papai”.O susto foi grande . Mas o Felipe tem jeito de herói. Vontade de ser campeão . Que Deus o proteja!
Afinal, se todos fossem prudentes o mundo não evoluiria!

* Artista plástica e Gerente aposentada da Caixa Econômica Federal
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Diário de viagem




José Eduardo dos Santos
PARTE III
Por Ítalo Luiz Moreira *



Os pais levavam os seus filhos, e ficavam irritados. Ele se divertia muito com toda essa situação, ele não estava nem aí.

Fora isso ele inventou um diretor para assumir a direção da peça, era um Marketing, o nome do diretor Caius Náfter que chegou até mesmo dar várias entrevistas por telefone nos programas de rádio, jornais, o cara na grande verdade era amigo dele do Rio de Janeiro e como acabara de acontecer a tragédia das Torres Gêmeas nos Estados Unidos, numa dessas entrevistas perguntaram ao nosso diretor - entre aspas-o que ele achava da tragédia. Reprodução fiel:

Quando a arte acaba, quando a filosofia não faz mais sentido, quando a política fracassa, quando a história aperta o freio, o terrorismo equivale a dizer: eu existo. O terrorismo equivale a gritar eu estou vivo.

O cara dizia que era tunisiano, que veio ao Brasil para montar esse espetáculo, após uma seleção com vários atores na Capital. Ele tinha selecionado quatro atores, que por sinal eram Cabofrienses. Foi uma das maiores mentiras de que já participei na história da minha vida. E pior, eu tinha que confirmar quando as pessoas vinham-me dar parabéns, por eu ter participado do teste, ter passado, que elas faziam questão de ir até o Teatro Municipal de Cabo Frio, antes da nossa temporada no exterior. Era uma doideira, as mentiras iam aumentando, ele fazia questão que a gente confirmasse tudo. Na grande verdade não era só o espetáculo que era um deboche, o Zé era debochado. Às vezes quando eu discutia com ele, ele simplesmente ficava rindo, ou quando eu ficava irritado com alguma coisa ele apenas ria... Eu acho que o Zé era a única pessoa com quem eu realmente não conseguia brigar, porque ele não dava confiança. Em certos momentos ele dizia: vai trabalhar meu irmão, deixa de falar besteira vai trabalhar, claro sempre rindo com ar de deboche. Assistir a uma peça com Zé era muito legal, mas quando ele estava chapado de cerveja e as peças eram de Anderson Maclaveis ele ria muito, eu nem sei se o Anderson ficava chateado, mas era complicado assistir as peças do Anderson com Zé.

Eu acho que a gente passava mais tempo no Teatro do que em casa. Durante uma folga, que saímos cedo eu levei minha esposa para tomar uma cerveja na Praça de São Cristóvão durante aquele período de montagem. Assim que cheguei na Praça Zé apareceu, parecia que a gente tinha marcado encontro. Ele sentou-se à mesa, Carmem já estava chateada com esses ensaios. Mas quando dois homens de teatro se encontram não tem jeito, começamos a falar sobre o espetáculo, então minha esposa interrompeu dizendo ah! Não. Aqui não! Já não basta vocês ficarem juntos o tempo todo, agora que estou aqui vocês vão falar de teatro! Minha esposa olhou pra mim e disse: faz o seguinte, vai morar com ele, casa com ele, faz amor com ele. Zé simplesmente olhou, pensou, olhou... Se ele quiser, eu tenho uma vaga lá em casa. Olhando direito, sabe que ele não é feio? E começou a rir, mas o humor da minha esposa não estava pra peixe naquele dia. Ele pediu licença, foi embora rindo, Carmem ficou completamente irritada, ele tinha essa capacidade. Quando Zé morreu de forma violenta, a classe artística foi surpreendida por esse fato. Jamais iremos esquecer a brutalidade da morte do Zé,

DO SEU ASSASSINATO ARTÍSTICO E FÍSICO NUMA AGRESSÃO URBANA. A SENSAÇÃO QUE TENHO É QUE A MORTE DO ZÉ FOI O PRENÚNCIO DE UM ARAUTO EM SUAS ANTÍFONAS TRAZENDO PASSAGENS TRÁGICAS DA VIDA HUMANA. OU SEREMOS PERSONAGENS DE FILMES DE TERROR? OU DE UMA TRAGÉDIA DE MAU GOSTO? ESSES SERES ÀS AVESSAS SURGEM DA VELHA ROMA ONDE OS BÁRBAROS COM SEUS TRAJES DE GALA TRANSITAM ENTRE TANTOS COMO HEROIS. “SEREMOS OS VILÕES DESSA VELHA ARISTOCRACIA EM PLENA METRÓPOLE DO SECULO XXI”. ENTÃO! APLAUDIMOS OS ILUSTRES ALGOS A EXECUTAREM NOSSAS VIDAS COMO TRAÇAS OU VERMES QUE SOMOS. POR ISSO EU BRINDO À BARBÁRIE DESSA VELHA SOCIEDADE QUE EMERGE AOS OLHOS PAGÕES DOS NOSSOS GOVERNANTES.

Até hoje ninguém viu, ninguém sabe quem matou José Eduardo dos Santos, o fato, é que ele morreu novo, cheio de projetos, deixando uma lacuna no movimento teatral da nossa cidade. Ele disse antes de morrer que o próximo espetáculo iria me colocar pendurado no teto do teatro, que eu iria voar, pois eu seria SININHO (Peter Pan).Eu não tinha a menor dúvida. Perdemos uma criatura talentosa que contribuiu muito para o Movimento Teatral de Cabo-Frio. Sem arrogância de uns que andam por aí a vomitar asneira, sem eira, sem beira, DANDO RECEITAS EM JORNAIS COMO SE FOSSEM OS DOUTORES DA CULTURA CABOFRIENSE. O Zé na simplicidade de um Samuel Becktt transcendia os muros da nossa cidade.



* Ator, Diretor de Teatro e Draumaturgo

quinta-feira, 30 de julho de 2009

FESTA DE RAIZ


Por Carlos Ernesto - Carlão*

Na Passarela do Samba...



A cidade de Cabo frio, fundada pelos portugueses em 13 de novembro de 1503, jamais poderia imaginar que seria pólo de uma das culturas mais

expressivas do mundo, o Carnaval. Até porque, “português no samba, só Zé Pereira e como enredo”,brincadeira!!!

No início do século XIX na época do salineiro, o carnaval cabofriense já registrava sua história neste segmento, através das manifestações culturais dos famosos ranchos( entidades carnavalescas) .O G.R.E.S. Flor da Passagem ainda neste período como “rancho”, já deixava ali os primeiros registros do nosso carnaval. Quando levavam as pedras de sal nas barcaças para a cidade do Rio de Janeiro, retornavam trazendo, idéias,tecidos ,cantos,enfim, a cultura do carnaval carioca.Com a construção da ponte RIO/NITERÒI nos anos 70, as cidades da região dos lagos consideradas antes, cidades do interior, passaram por uma evolução sócio-cultural transformadora, que levou Cabo Frio a ser o pólo principal.

Carnavais de rancho umbigadas,chula,lundu,calango,bonecos,blocos,carnaval de salão,partido alto, rítimos e batucadas consagrados em nossa cultura popular,conquistaram os cidadãos cabofriense que hoje se orgulham de ocupar o lugar de primeiro carnaval do interior do Estado. Cidades como Arraial do Cabo, Búzios, Araruama , São Pedro da Aldeia, Iguaba ,cada uma com suas culturas , costumes e riquezas naturais, tem também uma rica história de carnaval .Para Liga das Escolas de samba de Cabo Frio, é extremamente importante , a unificação desses municípios, através do movimento do carnaval. Varias manifestações culturais foram realizadas em Cabo Frio nas décadas de 80,90. Em 2001, com a criação da Liga das Escolas de Samba e Blocos Carnavalesco de Cabo Frio, projeto realizado pela Secretaria de Cultura da cidade, com apoio dos sambistas,artistas,,autoridades municipais dentre outros,resgatamos o carnaval local, dando início ao projeto que vem se desenvolvendo desde então.

Momentos inesquecíveis da festa do momo fizeram desta cultura,uma das mais respeitadas e acreditadas manifestação da região dos lagos.

Atualmente a festa está em pleno crescimento. A crise financeira no mundo, afeta também o carnaval em nosso município. A palavra de ordem desse ano é “ pé no chão”. Captar recursos nas iniciativas privadas e leis de incentivos, faz-se necessário. E nós?

Nós Acreditamos!!!


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Bastidores do Samba

-Sol a Sol...procurado por essa reportagem o presidente da agremiação Ricardo Machado ( choopinho ),pedimos autorização para darmos uma espiada nos trabalhos que estão sendo realizados em seu galpão.A resposta veio rápido:- ...”esquece!!! nosso carnaval será mostrado na Avenida.

- Pensei, o que viria por aí???Diariamente seus carnavalescos dão plantão no galpão e não perdi a oportunidade e perguntei: - O que vem por aí?A resposta foi imediata: -“...esquece!!! Então tá.

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CASTELO ENCANTADO


O Carnaval de rua ( blocos ) do Rio de Janeiro, será comandado da Cinelândia ao lado do Teatro Municipal, junto a antiga sede do Cordão do Bola Preta. A construção de um castelo em plena Cinelândia, na Av. Rio Branco , será administrado pelo rei o Momo. O projeto é do Diretor do departamento cultural da LIESA e Historiador Dr. Iran Araújo. O objetivo é resgatar o carnaval de rua, que segundo o mesmo, está se perdendo. As comunidades dos bairros distantes como Santa Cruz e Campo grande na zona oeste; os vinte e três bairros da Leopoldina e Central do Brasil serão beneficiados com o projeto,além de toda Zona Sul. O projeto já foi apresentado ao Diretor de orações de Turismo Sr. Paulo Villela ( RIOTUR ).


È só esperar!



* Superintendente da Morada do Samba

segunda-feira, 27 de julho de 2009

O SINAL


Por Milton Carlos Teixeira Marins (Miltão)*


Venho a tempos analisando o ditado: “ Quanto mais rezo, mais assombração me aparece”.Então me pergunto?O que essa mensagem significa?O que temos que fazer para acabar com a assombração?Será que apenas reza não é o suficiente?Será que junto com a reza,nós temos que pegar a assombração no tapa, ou será que a oração é mais fraca que os fantasmas,mostrando assim que, o mal é mais forte que o bem?


Enquanto não acho respostas,observo que o comportamento humano deixa a desejar. Algumas vezes, nós responsabilizamos DEUS por tudo que nos acontece,simplesmente nomeando-o sem sua prévia autorização,para ser o tutor dos nossos problemas.


Para melhor me explicar,vou contar a parábola do “Padre e o Rabino”,que diz mais ou menos assim: “...uma noite um padre e um rabino,resolveram sair para assistir uma luta de boxe. Chegaram ao ginásio compraram os ingressos,sentaram e aguardaram .Instantes depois o locutor oficial, fez a abertura da festa anunciando os lutadores e os cartéis ,passando a bola para o juiz da luta.Esse por sua vez chamou os lutadores ao centro do ringue e repetiu as regras de praxe.Após o ato os lutadores retornaram aos seus cantos,aguardando o gongo soar. Nesta hora, o Rabino viu que um dos lutadores fez o sinal da cruz,percebendo que o Padre também havia testemunhado aquela cena,perguntou: - Padre,aquele lutador da esquerda,acabou de fazer o sinal da cruz,o que isso significa?E o Padre respondeu:- Não significa nada,se ele não souber lutar.”


Então companheiro ,não adianta transferir para os outros ou para as forças celestiais,aquilo que nos compete resolver e solucionar.Os dilemas,pelejas,brigas,desavenças,convergências e desafetos são de nossa responsabilidade.


“ O preço da liberdade é o eterno sacrifício”, e o sambista que tem medo de encarar a luta,jamais se libertará.


Por isso não adianta se ajoelhar,rezar ou fazer o sinal da cruz,pois isso não significa nada,se não fizermos a nossa parte: LUTAR.


* Primeiro-Secretário da Liga Independente das Escolas de Samba de Cabo Frio

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quarta-feira, 22 de julho de 2009

DICAS DA DEL


Vamos ver o que os brasileiros andam lendo? Segundo pesquisa de 2007 organizada por Galeano Amorim, o brasileiro lê 4,7 livros por ano. Destes, 3,4 são livros indicados pela escola. Menos de cinco livros por ano. Eu morreria de tédio com meus 4,7.
E a mesma pesquisa mostrou que 77 milhões de brasileiros não lêem nada. São analfabetos, pobres lutando pela sobrevivência ou não se interessam.
E quem lê, lê o quê? Conforme lista do caderno PROSA E VERSO de O GLOBO, 11 DE JULHO DE 2009, só dois autores brasileiros figuram entre os dez livros de ficção mais vendidos. Chico Buarque com seu “Leite Derramado” e Augusto Cury com “O Vendedor de Sonhos”.

Quatro livros mais vendidos são os da saga entre humanos, vampiros e lobisomens. O mais novo, “Amanhecer” chegou às livrarias em julho e já é o primeiro colocado.
Embalados pelos filmes, temos “O caçador de pipas” de Khaled Hosseini e “Anjos e Demônios” de Dan Brown.

Escolho os livros que leio pelos resumos de jornais, pelas “orelhas” e, às vezes, pela lista dos mais vendidos. Por acaso, acaba quase sempre acontecendo que os que leio vão para a lista. Faro desenvolvido em meio século de compulsão de leitura. Se algum amigo me falar bem de um livro este vai direto para a minha lista.
Acho que as pessoas lêem muito por indicação. As adolescentes estão lendo os livros “Crepúsculo”, “Lua Nova”, “Eclipse” e “Amanhecer” de Stephenie Meyer porque conversam entre si e todas “amam” os livros. Os professores indicam alguns livros para os alunos fazerem resumos. Todo autor gostaria de entrar nesta lista.
Costumo emprestar alguns livros ao porteiro do prédio em que moro. Ele tem um maior fascínio pelos que foram adaptados para o cinema.No momento ele está lendo “Ensaio sobre a Cegueira”.Depois de ter visto o filme.
O fato é que, curiosidade, saber mais sobre um tema ou uma cultura, conhecer melhor uma figura famosa, não batem a INDICAÇÃO. Se você conhece alguém e seus gostos, então deve gostar de um livro que ela leu. Ou passar longe do livro em alguns casos.
Eu indico livros que já li e gostei muito. Tenha a certeza de que sou absolutamente imparcial. Não falo mal dos livros que não gosto. Tento passá-los à frente porque para cada pé torto tem um chinelo velho. Não consigo ler livros de auto ajuda mas conheço quem os leia e aproveite os ensinamentos.

Não me amarro em biografias mas “Leila Diniz” por Joaquim Ferreira dos Santos, o Gente Boa de O Globo é leitura fácil e muito inspiradora. Não dá para esquecer que ela ajudou a derrubar muitos tabus e mitos que envolviam a mulher.

E a biografia “Michael Jackson- A Magia e a Loucura” de Randy Taranborrelli em uma semana já está em sétimo lugar entre os mais vendidos. Curiosidade mórbida também vende! Prefiro ficar com a música.

Ler é muito bom. Viver é melhor ainda! Viva lendo!
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O 1º Festival Estudantil de Música bombou! Foi muito bom ver os alunos participando com tanto entusiasmo. Parabéns aos vencedores!


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Vi na TV. Atualmente, 6.700.000 brasileiros vivem sozinhos. Uns por necessidade outros por opção. E todos concordam que estar sozinho não quer dizer estar solitário.
Será uma tendência da vida moderna? Em que pedaço de nossas vidas ficamos tão cansados de conviver?
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O vírus da gripe A já circula livremente no Brasil. Casos confirmados em São Paulo e no Rio Grande do Sul de pessoas contaminadas sem contato com agente transmissor de outro país faz de nós o oitavo país do mundo com transmissão sustentada. O vírus está entre nós.

Não é razão para desespero mas para muito CUIDADO. Principalmente de ser solidário. Se você tem sintomas de gripe, além de procurar serviço médico, evite aglomerações. Não transmita o vírus.

Cuide de sua imunidade. Vale tomar vitamina C, lavar muitas vezes as mãos (se tiver o álcool em gel use sempre). A gripe é perigosa para quem tem baixa imunidade, em especial, crianças e idosos.
Cuide-se!
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terça-feira, 21 de julho de 2009

Diário de viagem


*Por Ítalo Luiz Moreira


José Eduardo dos Santos
PARTE II


Na maioria dos contos infantis o pai realmente está ausente, ou em certos momentos ele é o ponto de partida para o surgimento de algum personagem.

1º Cinderela:
O pai fica viúvo, casa, depois morre.

2º Branca de Neve
Ela foge de casa para não morrer na mão do caçador, os sete anões acabam adotando a menina. A história se desenvolve, e o pai está aonde? Fazendo o quê? Eu não sei se ele morreu, ou ficou prisioneiro. Mas a madrasta tem um papel fundamental dentro dessas histórias fazendo o contra ponto, e o príncipe simboliza a esperança de que dias melhores virão.
Partimos para o exercício num jogo de sedução em que os irmãos seduziam a mãe de Chapeuzinho. Nesse jogo rolava uma relação, então vinha a gravidez indesejada de uma adolescente. UMA GRAVIDEZ PRECOCE onde ela acabava ficando solitária, infeliz. Essa mulher ficou amarga pelo fato de ter-se apaixonado. Esses dois canalhas brincavam com os seus sentimentos. Após a gravidez eles abandonam a mulher. Então começava a sua transformação, ela se transformava numa bruxa, fazendo feitiços, rogando pragas a esses irmãos. Ela rogou uma praga nos irmãos, um se tornou num holograma, ou seja, um espírito, “Que vagava pela floresta”.Outro recebera a maldição, se transformou num lobo, fazendo ao mesmo tempo uma alusão ao Drácula, a questão da evolução e a transformação do ser, mas tudo na grande verdade era um sonho vivido por uma adolescente que sonhava em encontrar o rapaz da dupla Sandy e Júnior. Agora só faltava o diretor arrumar isso em cena. É claro que o estudo estava apenas começando, reparem que criamos várias estórias para construir o nosso trabalho (em cima de uma estória já existente pegamos a própria estória do texto, fomos fazendo perguntas que a obra não respondia para construir o nosso espetáculo). José Eduardo dos Santos conduziu o trabalho com uma maestria impressionante, ele mesmo dizia que não era diretor, mas sim um provocador. Ah! Isso era verdade. O cara dizia que ator tem que ralar e não estava nem aí para as queixas ou reclamações, o Zé queria apenas trabalhar. Aprendi com ele a ter uma visão tridimensional dos meus espetáculos, (referente às três dimensões: comprimento, largura e altura.) Ele dizia que além dessas coisas eu precisava trabalhar a plástica dos meus trabalhos porque eu parecia mais um artesão da idade média e deixava passar de forma grosseira algumas rasuras, mas que eu precisava em alguns momentos ter uma visão panorâmica do trabalho. Então durante um ensaio que eu não estava em cena ele me levou para a técnica do Teatro Municipal de Cabo Frio. Ele queria mostrar onde ele estava errando e disse que se ele estivesse na primeira fileira talvez não fosse ver esses erros. Isso tem duplo sentido: ele também estava querendo dizer que às vezes precisamos nos distanciar e olhar para a obra como um simples expectador claro! Sem esquecer quem é você, qual a sua função principalmente eu que escrevo e acabo montando os meus próprios textos.
(ele queria que eu tirasse a impressão intimista dos meus espetáculos. Ele falava: às vezes, Ítalo, eu olho para os seus espetáculos e consigo ver você inserido no trabalho dos seus atores).

Eu acabei nesse espetáculo sendo a Xuxa, essa mesma, a rainha dos baixinhos. O espetáculo na grande verdade era um deboche e longe, muito longe de ser uma peça infantil.
NOS MOLDES TRADICIONAIS DOS CAÇA NIQUEIS QUE INVADEM CABO FRIO

Os pais levavam os seus filhos, e ficavam irritados. Ele se divertia muito com toda essa situação, ele não estava nem aí.

Continua na próxima semana!


* Ator, Diretor de Teatro e Dramaturgo
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sexta-feira, 10 de julho de 2009

DICAS DA DEL


Roberto Carlos e seus 50 anos de música.

Ele merece! O show de Roberto Carlos no Teatro Municipal do Rio de Janeiro editado pela TV Globo foi MUITO bom. Dia 11 de julho o Maracanã vai ser palco de mais um. Os súditos do Rei já fizeram sua parte. Não há mais ingressos. Ainda bem, senão eu ia querer ir. Mesmo com fobia de multidão, mesmo com a epidemia de gripe A ou sabendo que ia ficar em pé, espremida, vendo pelo telão.

Roberto Carlos é fantástico e devemos realmente comemorar seus 50 anos de carreira. Porque ele está vivo e canta muito bem e tem músicas lindas. Celebremos, pois sua música e o bem que ela nos faz.

A TV Globo News apresentou um especial com Roberto Carlos e Caetano Veloso entrevistados por Nelson Mota. De arrepiar. E lembrar histórias dos dois e suas letras inspiradíssimas. Eles contam como Roberto visitou Caetano em Londres e cantou “As curvas da estrada de Santos” em primeira mão. Caetano estava no exílio e chorou muito. Daí o Roberto pediu uma canção. Nasceu então “Força Estranha” que Dona Canô, mãe de Caetano acha que é a melhor canção do filho. E “Tudo certo como dois e dois são cinco”. E Roberto Carlos compôs “Debaixo dos caracóis dos seus cabelos”. Os dois contavam e cantavam. Contavam a amizade, o momento brasileiro, o prazer de compor. E cantavam em dueto coisas como:

_ Eu prefiro as curvas da estrada de Santos /onde eu tento esquecer /um amor que eu tive /e vi pelo espelho na distância se perder;

_ Eu vi a mulher preparando outra pessoa/ o tempo parou preu olhar para aquela barriga;

_ Um dia a areia branca/seus pés irão tocar/E ao se sentir em casa, sorrindo vai chorar.
Poesia pura! Lindo ver três senhores falando de suas vidas de um jeito jovem, como na música de Caetano. Eu vi muitos cabelos brancos na fronte dos artistas. E a cada um cabem os versos: “O tempo não pára e, no entanto ele nunca envelhece”.

Celebremos, pois! Vamos dizer que o amamos enquanto ele pode nos ouvir. Mostrar o quanto ele é importante para a música, para o país, para cada um de nós enquanto ele pode ver.

Celebremos os 50 anos de música do Roberto Carlos.

A Partida.

O filme é japonês, ganhou o Oscar 2009 de melhor filme estrangeiro e tem 130 min de duração. Três referências que não me seduzem. Mas a filha sabe ser insistente e me leva ao cinema numa sexta à noite na Casa de Cultura Laura Alvim. No início, achando meio “arrastado”, fui-me programando para não gostar. Em pouco tempo estava emocionadíssima, depois tentava segurar o choro. Um dos melhores filmes que já vi nos últimos dez anos!

Conta a história de um violoncelista que é surpreendido com a dissolução da orquestra em que tocava. E que encontra emprego como preparador de corpos para a cremação. Ofício inferior que o envergonha, faz com que minta para a esposa mas que acaba por tornar-se um objetivo de vida. Preparando a morte ele celebra a vida.

Saí encantada, meio zonza, apaixonada pelo que vi e senti.

Não perca! Deve ter saído em DVD. Procure em sua locadora. Caso não encontre procure um cinema mesmo que seja em outra cidade.

(Só evite ver se estiver na TPM ou se sentindo triste. Mas quando passar vá ver.)!

Intermitências da morte.

No dia seguinte ninguém morreu. Com essa frase, José Saramago começa um de seus livros.
Seria uma coisa boa que ninguém morresse. Ou não? Saramago nos conduz por uma viagem ao reino da imaginação. E ao incompreensível reino que existe no interior de cada um de nós.
No livro, a morte é uma mulher linda que se apaixona por um músico. Que está na sua lista. Ela não quer que ele morra. E, assim, desencadeia a rede de eventos que se entrelaçam. E mais não conto porque ler é bom demais!

As intermitências da Morte- José Saramago- Companhia das Letras


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