quarta-feira, 8 de julho de 2009

DIÁRIO DE VIAGEM



José Eduardo dos Santos

Por Ítalo Luiz Moreira*

Quando fiz teatro com José Eduardo dos Santos pude observar a forma com que ele conduziu aquele processo de montagem do espetáculo Chapeuzinho Vermelho:
1º Todos nós já conhecemos essas estórias.
2º Podemos contar essas estórias de diversas formas, sem perder a essência.
3º Aprendemos esses contos, fábulas, ou dentro de uma sala de aula, ou em casa com nossos pais.
4º Elas estão no imaginário popular.
5º A primeira coisa que José Eduardo dos Santos falou, foi como essas estórias ficam registradas na gente, se elas nos trazem alguma imagem. Qual era a nossa opinião do registro dessas estórias.
Vamos ver a forma com que ele conduziu esse trabalho para chegarmos à concepção do Zé, que, aliás, foi muito louca. Não tínhamos texto, mas tínhamos a estória que transitava em nossas mentes. Então ele dizia que o texto na grande verdade já estava pronto só era preciso cristalizar, materializar. Ele dizia que a gente precisava aprender a fazer parte dessa construção. Ficamos um mês ensaiando, às vezes de duas da tarde até quatro da manhã. Eu adorava esse processo porque sempre gostei de ensaiar dessa forma, dez, quatorze horas. Então ele passou um exercício de improvisação. Zé falou que não queria ver na cena a mesma estória de sempre, mas que a gente encontrasse uma outra forma de contar essa mesma estória, tendo como ponto de partida a estória da menininha que na grande verdade desobedeceu a mãe indo por um outro caminho para entregar os biscoitos para sua avó, mas que essa menina também estava se tornando mulher, pois a sua 1º menstruação estava chegando. Mas (agora ele precisava saber sobre a família dessa menina) quem eram os pais dessa menina? Ele começou a fazer uma série de perguntas. Uma delas era: como os pais se conheceram? Então começamos a conversar sobre isso, até mesmo para encontrar um caminho. Éramos quatro atores em cena, em nossas conversas chegamos à conclusão de que a mãe de Chapeuzinho Vermelho tinha se apaixonado por um homem que tinha um irmão gêmeo. Eles brincavam com essa situação, Já estávamos começando a defender a ausência do pai, até porque ele não aparece nesse conto.
Na maioria dos contos infantis o pai realmente está ausente, ou em certos momentos ele é o ponto de partida para o surgimento de algum personagem.

*Ator, Diretor de Teatro e Dramaturgo




Continua na próxima semana!

11 comentários:

Anônimo disse...

ja passou mais de uma semana onde esta o resto da coluno do professor Italo Luiz

Anônimo disse...

Gostaria de falar que gosto muito da forma que Italo escreve

Anônimo disse...

Quem foi Jose Eduardo ? Fiquei muito feliz de le sobreo o diario de viagem do curso. A gente acaba aprendendo a olhar o teatro de outra forma

Anônimo disse...

Engraçado a forma como o Italo tem de narrar uma historia fazendo com que a gente entre nela e absorva o momento que ele esta ou viveu

Anônimo disse...

Gostaria de saber o final desse diario

Anônimo disse...

Como termina esse diario?

Anônimo disse...

E verdade na maioria dos contos infantis o pai realmente nao aparece

Anônimo disse...

Como termina

Anônimo disse...

Eu conheci Jose Eduardo! Nossa como e bacana ouvi falar dele. E vi o espetaculo chapeuzinho vermelho

cabofrioculturaviva@gmail.com disse...

Lamentamos a demora! Já está postada a segunda parte da reflexão de ítalo Luiz Moreira, com direito a foto nova, a pedido do próprio colunista.

Atenciosamente,

A equipe do Blog

Aline Miranda disse...

Fiz parte do espetáculo e foi muito bom recordar nesses três relatos todo o processo e a saudade imensa do Zé.